sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


Bastaria dizer: mar
ou
a algazarra de espelhos que espumam a Lua
ou
a fúria de Netuno que a tudo dissolve 
para o elemento profundo  
                                          & indefinido

Cintilante fluxo do obscuro

os olhos que transpassam o verso são comparsas
de seus delitos
                            delírios
                                           defeitos

desfeitos, os lábios balbuciam o caos.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012


Di bacadêla

O unicónio entou no bulaco da cama 
                      & sumiu
                                    no sonho

a lua quecente não tem mãe...

meu colá de coba binca na mocota

atás da loja tinha um monsto... fote... bavo.. qué me pegá.

a buxinha tá pidida no mato

popó machuca meu sonho

Cê viu o pum do céu?

Tem um au-au dançando na lua

Vô cota a falpa do meu ião

fapo bavo qué pilulito

Vamo bincá, di bidade?

(Joana VidaBoa, 02 anos)

Nota de acesso (ou prefácio interessantíssimo e inútil).
Minha filha, Joana, tem um hábito bastante poético: logo que acorda vai narrando coisas aleatoriamente, em ritmo compulsório. O pai bobo logo fica estarrecido com a desenvoltura de sua poetiza, e, uma vez, anotou rapidamente as falas dessa “narrativa automática” delirante. No mais, é interessante notar o ritmo da fala infantil, bastante poética, que reduz o idioma a uma série de rimas abundantes: mamá, côco, bincá,au-au, etc. Taí o estado de sonho desperto – ou talvez a infância como um sonho perpétuo.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012


              pequeno delito do deus zombeteiro:

        berimbau de Naná zumbi na encruzilhada

    zanza meu corpo no ritmo do transe

zoa a quilômetros de intensidade

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

pras picas
a épica ou a lírica

à merda todas
                assonâncias
                     aliterações
                            anáforas
    & seus anacronismos

O ritmo poético é outra forma de respirar, porra!
(parece que nunca gozou!)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Quando o transe goteja
                                 

                                suas certezas para o ralo
 

Quantos vê de si a bailar no umbral do abismo?

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

a sombra de um pássaro me transpassa
                  

        & rememora
 

               a comitiva dos meus surtos

domingo, 29 de janeiro de 2012

pinçar o gargarejo da noite travestido em volúpias
                                                                          ou um Blog
coleção de suspiros dos dias fúteis
itinerário dos assombros
                 ou
o diário de meus escombros?
 
Talvez só o incômodo prazer de se imaginar sendo lido
(variante da escopofilia)

mais uma língua chupando essa disforme Vulva da Nete (Êta mulher enigmática: não há quem não a despreze, mas também não há quem nunca gozou com ela!)