segunda-feira, 12 de novembro de 2012



equação do tropeço


um lustre
              de bruços
                             ao quadrado
=
                          ângulo obtuso
de um abutre
                    multiplicado
                                          pela altura 
de um quebrante.


É óbvio,
                    tácito
perfeito!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012



no ventilador

pra merda todo engodo
quero as frases disformes dos bêbados
o riso do incendiário
& o sangue supurado
                                 dos pulsos cortados

da cambalhota dos pilares
que me entranhem
                              o atropelamento
a cara na quina
& a substância dos surtos

um beijo no pescoço
                                  estrangulado
o alarido
o estardalhaço
& a calmaria do segundo
                  que antecede o colapso

domingo, 28 de outubro de 2012

farsas   farpas   trapos   trapaças
corpo encharcado de escória
ginga   zanza   zoa
na Augusta

onde um moleque pede uma moeda
prum crack   prum back  um baque
batuque dos saltos da puta
q te guarda, Augusta,
amassada entre os seios
seus cheiros   suores   olhares
atravessam o labor paulistano
com o estardalhaço do gozo
q rasga as gravatas
com dentes pungentes da orgia


ó minha Augusta
és pura
és pulha
és puta
como quaisquer destes vagabundos
q roçam suas coxas
chupam teu sexo
& em teus seixos fornicam a madrugada
com os passos duma vida   vil   vadia

domingo, 21 de outubro de 2012



Diluviares

                                 a Leon


ventre convulso
                           fremi num parto

Estoura!    Entorna!

quem berra,
quem jorra?
A mãe, o filho? 
ou o devir da vida em dilúvio?

domingo, 7 de outubro de 2012

talharim peralta

uma árvore que depenca do chão
é nada
             pra quem tá plantado

mas o parapeito entorta um beco
prum olho que entorna do corpo
(& deixa entrever o horizonte tropeçando num prédio)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


mal se chega perto da garganta do Danado & dois duendes entornam um mito. Mito mudo, vivido no tato. Se desce as escamas da voragem & o solo escorregadio sorve nossa sombra qual surto       & assusta ver grossas lágrimas rochosas que escorrem aos montes. Sente-se o cheiro fresco de água - lá pela metade da caverna  - & se avista uns olhos cintilantes azuis, serenos como o dilúvio. O devir de um tempo lento goteja sem pressa, durante milênios. Exige que lancemos mão de algumas outras vidas para experimentá-lo. Mas quando se chega ao fundo, os olhos azuis vertem uma fonte & se nada... Minha companheira foi devorada pela Lagoa Azul & uma sereia nasceu. Tempo depois, ao sair da caverna, fiquei espantado ao ouvir aquela historiazinha chata de estalactite, estalagmite e outras asneiras pra turista. Dá-lhe a fria cienciazinha de merda.... e muita fotografia

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

[...]

Num canto do Jardim das Delícias
danço o devir-coruja
& o pavor me inaugura

ao mesmo tempo em que na alcova
Eugenie ajoelha
& em seu cú fremi uma justiça

& numa praia selvagem na Ilha Comprida
Piva engoli um astro
& o colapso reverbera