segunda-feira, 30 de abril de 2012


[...]
Assim te levantas para sempre

Pisoteando o mundo que te ignora

E que ama sem saber teu nome

E que geme após o cheiro de teu passo

De fogo de enxofre de ar de tempestade

De catástrofe intangível e que diminui cada dia

Essa porção em que se escondem os desígnios

    nefastos e a suspeita que torce a boca do tigre que

                            nas manhãs cospe para fazer o dia

César Moro

sexta-feira, 20 de abril de 2012


collage

El Durazno, tremulando sua bandeira de Osso & Liberdade. Ejaculações rebentando as ondas em espuma & fúria. Humano futuro na sociedade anônima de base priápica: orgasmos coletivos & crueldades cristalinas. Nau anárquica lançada no alto-mar das futuras combinações.

& o poeta urra:
A vós todos sangrentos, violentos, odiados, temidos, sagrados,
Eu vos saúdo, eu vos saúdo!
Quero fugir convosco à civilização!
Perder convosco a noção da moral!
Sentir mudar-se no longe a minha humanidade!

quinta-feira, 12 de abril de 2012


Espanto & parto


Sabe-se lá se no susto
                                  em surto
                                                  ou na sorte
A Antologia de poemas de Roberto Piva me caíra na mão

Tarde serpenteava seu vórtice
                            no dorso do crepúsculo
& o deus devasso me avassala no sinuoso beco
que entalhes tatuam a carne nua de destino?

Augúrios              

ciclones

algazarras

dilatam o solo na dança do dilúvio

escarro zombeteiro no rosto da tempestade 
tiro a roupa
                  & chupo a chuva              
 no estrondo do salto

sábado, 7 de abril de 2012

A vida que se foi desenvolvendo em torno de um obscuro crime (ter conseguido não morrer muito depressa? e ter por isso recorrido ao jogo concêntrico das palavras?), a vida, essa vida que não dava paz, pelo próprio tremor desavindo da maravilha anunciada, sim, essa vida aglomerou-se em torno da festa essencial do crime, e as pequenas festas criminais desencadearam a forma em movimento, o filme vocabular.

Herberto Helder, Photomaton & Vox

segunda-feira, 2 de abril de 2012


atravessem as ruas, segurem as bolsas.... bêbados alucinados à vista (armados com poemas)

"Derivas etílicas & sacos sarcásticos é um livro de devaneios do poeta amazonense Kissinger Cândido de Barros & seu comparsa paulistano, Ricardo Mendes Mattos. Nos rios amazonenses ou nas ruas paulistanas deambula uma poesia como pacto dissoluto com o delírio, que escarra suas farpas em páginas incandescentes"