Na beira do molusco

Como divaga em minha vivência, a vagabundagem é uma disposição displicente de encarnar as forças do instante. Suruba de tropeços. Rodopio na peia do inusitado. Saco de acasos. Uma gramínea pendurada no muro enquanto urino. Reflexo negro das nuvens no vidro de um carro. Skate remado na contramão. Pássaro que atravessa minha sombra. Passos que dispersam minhas sobras. Um verso urra o meio-fio. O Ruminar reminiscências: mausoléu dos momentos. E, logo, o vadio se transmuta em vento.

Ginga matreira da garça no cio

No traseiro da cidade
                                  o falo paranoico
 
roendo os ruídos das entranhas de um
 
urbano de cinta-liga
                                dorso em brasa
 
cavalgado por tenebrosos vagabundos
 
que rompem suas fendas
        
caminham sarcásticos por seus becos
 
& espelham seus gozos nas paredes grafitadas
              
                   obscura névoa da madrugada

 
Quando o sol espreita:
 
idiotas enforcados em gravatas
 
escolares ruminando aulas
 
& um bom mocismo literato
 
adornam suas alamedas
 
com o carinho termo à mãe puritana
 
enquanto passam apressados pelos subterrâneos
 
que ainda exalam o olor libertino

Imaginou: balada com Nietzsche e Neal Cassady? 
Tá lá: transa beat-dionisíaca de Thales Gaspari, em “Fritados na night!”. 
Dê uma olhada na Edição especial da Revista Rebosteio sobre histórias em quadrinhos, vale a pena.....
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Espantalhos por encomenda

quando a noite finda
amealhamos os espólios da escritura
                                           sorrindo
entre coxas incandescentes
em corpos debruçados no sonho
em faíscas que ainda irrompem abruptas:
                                    raios da memória

aí é só deixar a volúpia chupar a pena
& vestir a nudez do vivido
com as tintas do escrito
 
E quão pálidas são as palavras
nas gargalhadas do inominado

&*¨$%&¨&%¨ dê uma olhada na sexagésima quinta leva da Revista Diversos & afins! http://diversos-afins.blogspot.com/

Versos de Marize Castro, Cilene Canda, Claudio Simiz, Frederico Spada e um poema meu. 

Destaque para o editorial, que corta a própria carne da criação poética.... alí por onde jorram seus paradoxos & também suas possibilidades.

arrepios pelo analfabetismo & descultura 
OU  língua só para chupar ...¨¨&¨%$)*##.
 
“O analfabetismo é um ideal difícil. Se você, criança ainda, aprende uma qualquer língua ocidental cuja estrutura de adestramento já esteja codificada subliminarmente pelas relações semânticas, a descultura torna-se um ideal quase impossível, uma utopia”
 
Tom Zé, Tropicalista Lenta Luta