Murmúrio matreiro
Calcei a relva
já não eram mais meus passos
mas lagartos escorrendo na mata
uma forma larga, esparsa
de olor fresco
um vento não um corpo
tato: rugosidade do tronco
gosto: névoa da cascata
sentimento: fúria do salto
no olhar da ave de rapina
eis que a moita se move
era meu corpo - em regresso
pulsando na medida do medo
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
É por aí, querida....
Do lado de cá
nada exala os rumores do exílio
ou as ruínas de concreto por onde nadas
em seus destroços
Em Walden, o humano em nós é tão precário
que o deixamos cair esquecido
ao nos banhar na cachoeira
pairamos como frestas abertas
a forças estrangeiras
que desmancham tão bem nosso corpo
enquanto a água nem se movimenta
em nosso mergulho
domingo, 19 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
O Instante do transe*
Vultos, surtos & o ardil extático dos corpos em convulsão. Transe bacante silvando para além dos contornos... em um coletivo confuso que cantava a maré alta do delírio. Coribantes serpenteando até roçar o infinito. Era um ritual xamânico com seu urro que soletra precipícios na soleira do crepúsculo?
Ví crianças, jovens e velhos fundidos na idade da intensidade. Até os suntuosos pilares do edifício se lançaram ao chão para rodopiar nos movimentos dos astros que ali se eclipsaram.
Ora se ouvia o silêncio e o dilatar de dilúvios que vinham pousar em nossos ombros. Ora o alarido alado da nau de loucos urrava no ritmo virulento do êxtase.
E o feiticeiro sarcástico incendiava seu tambor com as garras felinas de quem rasga a realidade. Naquele mesmo salto em que brechas se abrem e jorram desvarios.
Ao fim do ritual recolho meus pedaços esparsos e, desesperado, tento recompor alguns passos que caibam no chão.
* texto livre sobre a experiência da Jam da Companhia J. Garcia Dança Contemporânea.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
fusão a frio
do teto que comprime meus pés
veias velejam nos arrabaldes
arrancar glossolalias aos tapas?
seringas dançam incertas & seus pulsos pululam sarcásticos
cáusticos telefones usurpam o caixa
E você me olha, como esperando que virasse a mesa
E você sempre alheia às visões descalças que penteia
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